A
Rede um Grito Pela Vida, núcleo São Paulo, realizou ontem (07 de
março) um evento de sensibilização com o
tema: “Os riscos do tráfico de mulheres
em tempos de megaeventos”.
Com a assessoria de Ir. Eurides
Alves de Oliveira, ICM- Socióloga, cerca
de 90 pessoas se reuniram no Auditório Paulinas para refletir e aprofundar a temática .
Em sua
fala, a Irmã Eurides destaca que o Tráfico de pessoas é
uma questão complexa, que possui diferentes facetas e diversas causas, que é um
fenômeno ligado à globalização capitalista. Fruto de uma série de fatores
inter-relacionados: oportunidades de trabalho, fluxos migratórios, busca por
melhores condições de vida, desigualdades sociais, de classe, gênero, de etnia,
paradigmas culturais, morais sexistas...
Ela cita que a crueldade do Tráfico de pessoas e do trabalho
escravo exige uma opção pastoral decidida e inegociável, e que o
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas foi
oficialmente assumido pela Igreja no Brasil, CNBB, nas Diretrizes Gerais da
Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015, (nº 107 e 111) “O
serviço à vida começa pelo respeito à dignidade da pessoa humana... “Atenção especial merecem também os migrantes
forçados pela busca de trabalho e moradia... as vítimas do Tráfico de pessoas”.
Adentrando no tema comenta que Brasil sediará alguns megaeventos, e segundo o Ministério do Turismo,
aproximadamente 500 mil turistas estrangeiros devem visitar o Brasil durante a
Copa do Mundo e mais dezenas de milhões de brasileiros devem movimentar-se
entre as cidades-sede.
Por um lado isso é
bom ! Movimenta a economia, gera milhares de empregos torna o Brasil conhecido.... mas, traz junto... trabalho
análogo à escravidão... aumento
do trabalho infantil.. exploração
sexual de crianças e adolescentes...higienização social...
Segue
com uma citação de Mariana Cristina Moraes da Cunha :
“O tráfico de
mulheres é uma forma moderna de tráfico de escravos, pois sequestra mulheres,
em especial jovens, de seus países e as obriga a trabalhar como profissionais
do sexo muitas vezes em troca de um prato de comida, em regime fechado,
aprisionadas. Anualmente quatro milhões de pessoas, em sua maioria mulheres
jovens, são traficadas. De acordo com o Parlamento Europeu, a indústria sexual
ilegal acumula, por ano, de 5 a 7 bilhões de dólares.
Com o ufanismo dos megaeventos, a esperança de
melhorar de vida, aproveitando os grandes negócios, a indústria sexual ludibria
as mulheres jovens e pobres com a possibilidade de trabalharem nos eventos da
copa do mundo. Prometem que elas serão garçonetes, cozinheiras, as
transportando de seu país de origem (países subdesenvolvidos, da América
Latina, África e Ásia) sem nenhum dinheiro ou garantia de retorno e as levam
para serem escravas sexuais disponíveis para os frequentadores dos megaeventos.
Na Copa do mundo em 2006 na Alemanha, o fato da
prostituição ser legalizada foi um diferencial para a realização dos jogos lá.
Este fato permitiu que a indústria do sexo não tivesse grandes problemas para
traficar para a Alemanha nada menos que 40 mil mulheres, importadas da Europa
central e do leste, para abastecer um gigantesco complexo ligado à prostituição.
Foi construída uma megacasa de prostituição, ao
lado do principal estádio do país, com capacidade para 650 homens usufruírem de
seus serviços simultaneamente. Vemos que o capitalismo se utiliza da
legalização da prostituição, uma lei feita para proteger as profissionais do
sexo, para potencializar seus lucros, explorando o corpo da mulher.
Já na Copa do Mundo na África do Sul, a
prostituição não era legalizada, mas este país já fazia parte da rota de
tráfico de mulheres, o que o tornava atrativo para ser sede de tais jogos.
A FIFA,
grande agenciadora dos interesses das transnacionais, pressionou a África do
Sul para que legalizasse a prostituição, o que não ocorreu. No entanto, os
governantes deste país fizeram vistas grossas e o tráfico de mulheres
(sequestro de meninas) aumentou ainda mais neste período de jogos mundiais.
Segundo o porta-voz da polícia de Maputo, capital de Moçambique, essas meninas
estavam sendo vendidas por US$ 670.”
Após o
aprofundamento do tema, e um debate aberto, Ir. Eurides finaliza nos provocando
que: A Erradicação do Tráfico de Pessoas é uma tarefa urgente e necessária, sobre tudo
em tempos de mega eventos....
Não deixemos que o fetiche dos mega eventos
nos paralise. Gritemos pela VIDA! Somos
mulheres e não mercadorias!
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