por Roselei Bertoldo
A
Rede Um Grito Pela Vida Regional Amazonas e Roraima é constituída
por um grupo de religiosas, das Congregações: Irmãs do Imaculado
Coração de Maria, Irmãs de São José, Franciscanas do Imaculado
Coração de Maria, Cônegas de Santo Agostinho, Franciscanas
Missionárias de Nossa Senhora Auxiliadora, duas leigas
representantes da Cáritas Arquidiocesana e um leigo da Congregação
das Irmãs Salesianas.
Durante
o ano, foram desenvolvidas diversas atividades na área de
sensibilização, visibilização, formação, sobre o enfrentamento
ao tráfico de pessoas, culminando com a realização do primeiro
seminário Regional, Manaus/ Roraima.
O
Seminário aconteceu no auditório da Universidade Estadual do
Amazonas e teve a presença de 164 participantes.
O
tema do seminário “Tráfico de Pessoas - desperte para esta
realidade”, motivou o grupo a tecer um olhar sobre a triste
realidade que viola os direitos humanos e teve como objetivo:
Sensibilizar e compartilhar informações sobre o tráfico de
pessoas; capacitar multiplicadoras e multiplicadores para ações de
prevenção e assistência; intensificar a luta por políticas de
enfrentamento ao tráfico humano na região amazônica.
O
bispo auxiliar de Manaus, Dom Mario da Silva, ao fazer a abertura do
evento, elogiou a iniciativa da
A
Rede Um Grito Pela Vida Regional Amazonas e Roraima é constituída
por um grupo de religiosas, das Congregações: Irmãs do Imaculado
Coração de Maria, Irmãs de São José, Franciscanas do Imaculado
Coração de Maria, Cônegas de Santo Agostinho, Franciscanas
Missionárias de Nossa Senhora Auxiliadora, duas leigas
representantes da Cáritas Arquidiocesana e um leigo da Congregação
das Irmãs Salesianas.
Durante
o ano, foram desenvolvidas diversas atividades na área de
sensibilização, visibilização, formação, sobre o enfrentamento
ao tráfico de pessoas, culminando com a realização do primeiro
seminário Regional, Manaus/ Roraima.
O
Seminário aconteceu no auditório da Universidade Estadual do
Amazonas e teve a presença de 164 participantes.
O
tema do seminário “Tráfico de Pessoas - desperte para esta
realidade”, motivou o grupo a tecer um olhar sobre a triste
realidade que viola os direitos humanos e teve como objetivo:
Sensibilizar e compartilhar informações sobre o tráfico de
pessoas; capacitar multiplicadoras e multiplicadores para ações de
prevenção e assistência; intensificar a luta por políticas de
enfrentamento ao tráfico humano na região amazônica.
O
bispo auxiliar de Manaus, Dom Mario da Silva, ao fazer a abertura do
evento, elogiou a iniciativa da Rede em organizar, “em preparar e
realizar o Seminário, que pela sua temática nos causa espanto, mas
solicita um compromisso”. O bispo afirmou que o tráfico de pessoas
é uma moderna forma de escravidão, que abrange muitas pessoas no
mundo todo e disse que “é impossível ficar indiferente diante
desse problema que vitima muitas pessoas.” Jesus no evangelho diz:
Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância. Enquanto
todos não tenham essa vida em abundância, faz se necessário o
nosso trabalho. A CRB tem linhas que apontam para a defesa da vida,
que é dom de Deus e, está no centro da missão de Jesus. As
Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja apela que a vida de
muitos excluídos, marginalizados, traficados contradizem o plano de
vida em abundância. O Documento de Aparecida, quando fala da
dignidade humana, chama-nos a atenção dos novos rostos sofredores,
que são 23, dentre eles o tráfico humano, que está no quarto
lugar. Como seguidores de Cristo não podemos nos calar diante da
ausência de dignidade da vida. Esse seminário é um momento de
comprometer-se, de refletir e tomar uma postura. Esse espaço é um
grito pela vida, abrir os olhos e estender as mãos para ajudar as
pessoas traficadas para exploração sexual, venda de órgãos ou
trabalho escravo.
Levítico
25, 38-43 - Eu sou Javé o seu Deus, que vos tirei do Egito e de dar
a terra de Canaã.... É um texto que nos convida em dar um grito em
favor da vida, para que se rompa, se erradique o ciclo vicioso do
tráfico de pessoas. Finalizou suplicando as bênçãos de Deus sobre
todos.
Ir.
Paulina Pavéz Lagos, Coordenadora Regional da CRB - AM/RR,
sensibilizou o grupo por meio da dinâmica de fechar os ouvidos, os
olhos e a boca, não permitindo ouvir, ver, falar. As pessoas que são
traficadas também são caladas. Portanto, essa Rede nos chama a
direcionar as nossas ações para a defesa da vida, indo até as
fronteiras da realidade humana e nos sensibilizar com a dor e
sofrimento dos irmãos e irmãs. A família é a primeira vítima em
relação ao tráfico, porque estão excluídas das necessidades
básicas: comida, trabalho, educação, saúde, moradia, lembrou o
texto do bom samaritano, que estava a caminho, mas deixou-se
sensibilizar pela necessidade do ferido, da pessoa que estava
vulnerável e restabeleceu sua dignidade.
É
necessário unir forças e acreditar na vida e na felicidade, mas
para isso é preciso abrir nossos olhos, ouvidos e boca e gritar e
investir nesta ação. Vamos fortalecer essa rede, somar,
comprometer-se. O apelo está lançado. Sejamos livres e façamos
opção pela liberdade.
Na
mesa de debate, contamos com a contribuição do senhor Sérgio Lúcio
Mar dos Santos Fontes - Superintendente da Polícia Federal do
Amazonas, que afirmou: “A Polícia Federal se apresenta como órgão
oficial de investigação de casos de tráfico de pessoas, por se
tratar de crimes internacionais (e interestaduais). A fiscalização
nas fronteiras também faz parte da sua competência, além da
expedição de passaportes”.
Os
países possuem as suas fronteiras abertas, porém como são, na sua
grande maioria, extensas, permitem o tráfico de pessoas, armas,
drogas, produtos e outros contrabandos, a Polícia Federal tem grande
dificuldade de controlar o tráfico, principalmente humano, por ser a
terceira economia mundial ilícita. Prosseguiu a apresentação,
trazendo diversos elementos que coíbe o tráfico, ainda afirmou que
qualquer iniciativa para tirar o problema das sombras, ajudar a
refletir e auxiliar no combate contra o tráfico de seres humanos
para exploração sexual, trabalho escravo ou tráfico de órgãos é
louvável e necessário. O estado e a sociedade, infelizmente são a
parte mais fraca. O tráfico é mais forte e organizado, por se
tratar, principalmente, de uma das economias mais rentáveis, porém
extremamente ilegal.
Valiosa
a contribuição da professora Iraildes Caldas, onde afirma que o
tráfico de mulheres é uma ferramenta moderna de escravidão, de
rapto e cerceamento de liberdade, que assume formas sofisticadas com
característica empresarial de um grande negócio, tal qual
representou o tráfico negreiro para o capitalismo nas sociedades
modernas.
O
Brasil é o maior exportador de mulheres das Américas. Envolvidas
pela fala macia dos aliciadores, que lhes fazem falsas promessas de
melhoria de vida, casamento no exterior e escalada econômica rápida,
meninas e mulheres embarcam numa viagem de terror. Todos os anos,
cerca de 60 mil brasileiras são vitimas do tráfico de pessoa
(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA/2007). Ao todo, o mercado movimenta cerca de
2,5 milhões de pessoas e mais de US$ 32 bilhões (50 bilhões de
reais), afirma o UNODC – Escritório da ONU sobre Drogas e Crime.
Só perde para o comércio de drogas como crime organizado.
Ressalta
que a pesquisa é uma ferramenta que auxilia o Estado, para que dê
passos no combate ao tráfico de pessoas, pois o problema existe e
vitimiza muitas vidas.
Não
se pode deixar de reconhecer que o Brasil deu um passo à frente com
a implantação do I Plano Nacional, principalmente porque instituiu
núcleos de enfrentamento ao tráfico nos estados. São Paulo é o
Estado onde o núcleo encontra-se em situação mais avançada.
O
Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas prevê a
criação de centros de atendimento específicos para as mulheres que
retornam ao seu país. A articulação com redes de atenção no
exterior é outra intenção do Plano, já que muitas instituições
que cuidam de brasileiras traficadas não sabem para aonde
encaminhá-las quando são resgatadas, para enviá-las de volta aos
seus países. Ressaltou a importância das universidades abrirem
editais para que alunos e alunas, professores possam fazer pesquisas
nesta área, contribuindo na coleta de dados sobre o tráfico de
pessoas e publicação de materiais.
A
terceira colocação foi realizada pela Maria das Graças Soares
Prola - Secretaria da Assistência Social do Estado, que abordou a
questão do Tráfico de mulheres, crianças e adolescentes para fins
de exploração comercial.
Em
Manaus se encontra a figura do agenciador, que se colocava nas praças
e observava as mulheres e crianças para depois abordá-las e fazer a
proposta de exploração sexual. O mercador é o responsável de
fazer o transporte, normalmente burlando a lei, com trânsito nos
órgãos públicos, realizando o tráfico utilizando documentação
falsificada. O receptor tem a finalidade de acolher a pessoa
traficada no local de destino, segurar os documentos até a quitação
da dívida. O tráfico tem capilaridade em todos os estados e países,
por ser um crime organizado.
Em
Manaus, as ações do governo são: presença efetiva nas festas
culturais em toda a região por meio de panfletagem, presença nos
Centros de Referência da Assistência Social e Centro de Referência
Especializada de Assistência Social - CREAS; Centro de Referência
da Mulher; Disque Denúncia 100, 180; atividades em conjunto com o
turismo; projetos vinculados com crianças e adolescentes em horário
oposto ao escolar. Após as colocações, foram feitas diversas
perguntas, dando ênfase as ações de prevenção e repressão ao
tráfico de pessoas na região amazônica.
Irmã
Roselei Bertoldo, ICM, socializou a forma com que a Rede Um Grito
Pela Vida se articula nos diversos estados e as ações que a mesma
desenvolve em nível nacional e local, trazendo presente as
atividades desenvolvidas na Amazônia. Salientou a dificuldade em
abordar o tema nos diversos espaços, pois há um silêncio muito
grande na sociedade com relação a esta problemática.
Em
Manaus, ultimamente os meios de comunicação tem divulgado muitos
nomes de pessoas desaparecidas, isso não significa que todos eles
tem sido para o tráfico, porem é necessário que se desconfie e se
faça investigações, pois dois casos de adolescentes desaparecidas
foram aliciadas para a exploração sexual e esta sob investigação
da policia federal, isso nos alerta para estarmos atentas.
Ainda
ressaltou a necessidade de uma articulação mais ampla com as
instituições, para poder realizar um trabalho integrado de
enfrentamento, uma vez que a rede do tráfico é bem organizada.
Professora
Márcia Oliveira, socializou a pesquisa realizada sobre o Tráfico
internacional de mulheres da Amazônia para Espanha, trazendo
presente elementos com que fazem as mulheres migrarem e as formas de
aliciamento das mesmas. Ressaltou a importância da pesquisa e o
objetivo é problematizar o tema e a atuação das redes
internacionais do tráfico de mulheres do Amazonas, considerando essa
questão como um dos piores atentados contra os direitos humanos e
uma das mais perversas formas de violência contra as mulheres no
mundo atual; Estudar o tráfico e o comércio internacional de
mulheres na Amazônia e o estudo de gênero com a finalidade de
desnaturalizar e desculturalizar a temática, visando a perspectiva
da desconstrução; Oferecer elementos teóricos, a luz do estudo de
gênero, para manter um debate permanente do tema em nível
internacional; Despertar a consciência de que se trata de um
problema que envolve tanto a sociedade de origem como a sociedade de
destino do tráfico de mulheres.
A
pesquisa foi realizada com jovens amazonenses que foram traficadas
para a Espanha e hoje fazem parte do sistema rotativo dos clubes
espanhóis, trabalhando até 15 horas de trabalho diário, de forma
informal e que encontram de forma irregular no país. Trouxe e
presente - Dividas contraídas pelas vítimas - passagens; o processo
permanente de endividamento - alojamento, comida, multas cobradas por
qualquer infração ou falha.
A
necessidade de realizar um trabalho de enfrentamento ao tráfico de
pessoas, de formação e sensibilização da sociedade sobre este
problema, fazendo com que as pessoas estejam informadas e não caiam
na trama do tráfico.
O
grupo foi provocado a levantar algumas atividades ou ações
possíveis para o enfrentamento ao tráfico de pessoas na região
amazônica: Ampliar a rede de enfretamento ao tráfico de pessoas;
estar mais presentes nas escolas e auxiliar as secretarias de
educação a colocarem em prática o Plano Nacional Enfrentamento do
Tráfico de Seres Humanos; fazer uma
grande
caminhada de conscientização no início de 2013; articular uma
comissão de representatividade de todos os segmentos que abordam a
temática e conversar com os novos dirigentes municipais, bem como os
estatuais, para exigir um trabalho mais efetivo em relação ao
tráfico de pessoas; ampliar os debates e estudos de pesquisa; atuar
nos municípios, em especial onde acontecem as festas temáticas e
nas fronteiras que tem maior índice de rotas do tráfico em nossa
região; aproveitar a CF 2014 para desenvolver um processo de
formação junto as paróquias e comunidades, tendo uma maior
abrangência da população, em especial as mais vulneráveis.
David
Tuniz integrante da Rede, apresentou alguns aspectos do Seminário
Internacional, o qual participou na Italia, com o tema: O fenomeno
della tratta a scopo di sfruttamento sessuale e il suo indotto (O
fenômeno do tráfico por exploração sexual e suas implicações)
que aconteceu na Itália, no dia 08 de outubro de 2012, destacando
que a Itália é um dos maiores países do destino de pessoas para
exploração sexual e trabalho escravo, pois o custo é baixo. Os
clubes italianos que trabalham com a exploração sexual apresentam
as jovens como se fossem verdadeiras mercadorias, com elaboração de
cardápios que destacam suas características: mansa, pode bater -
mas só um pouco. Outra coisa alarmante desse comércio de violação
dos direitos humanos.
O
seminário foi concluído com o ritual de lançamento do livro
Tráfico de Mulheres na Amazônia, de Iranildes Caldas Torres e
Márcia Maria de Oliveira, o que muito vem a contribuir com a
prevenção ao trafico de pessoas na Amazônia.
Ir.
Fabiana agradeceu a todos e todas que contribuíram para a realização
deste Seminário, bem como todos os participantes. O trabalho é
grande e árduo, mas não podemos desanimar, porque muitas vítimas
estão clamando por dignidade e justiça.
Rede em organizar, “em preparar e
realizar o Seminário, que pela sua temática nos causa espanto, mas
solicita um compromisso”. O bispo afirmou que o tráfico de pessoas
é uma moderna forma de escravidão, que abrange muitas pessoas no
mundo todo e disse que “é impossível ficar indiferente diante
desse problema que vitima muitas pessoas.” Jesus no evangelho diz:
Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância. Enquanto
todos não tenham essa vida em abundância, faz se necessário o
nosso trabalho. A CRB tem linhas que apontam para a defesa da vida,
que é dom de Deus e, está no centro da missão de Jesus. As
Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja apela que a vida de
muitos excluídos, marginalizados, traficados contradizem o plano de
vida em abundância. O Documento de Aparecida, quando fala da
dignidade humana, chama-nos a atenção dos novos rostos sofredores,
que são 23, dentre eles o tráfico humano, que está no quarto
lugar. Como seguidores de Cristo não podemos nos calar diante da
ausência de dignidade da vida. Esse seminário é um momento de
comprometer-se, de refletir e tomar uma postura. Esse espaço é um
grito pela vida, abrir os olhos e estender as mãos para ajudar as
pessoas traficadas para exploração sexual, venda de órgãos ou
trabalho escravo.
Levítico
25, 38-43 - Eu sou Javé o seu Deus, que vos tirei do Egito e de dar
a terra de Canaã.... É um texto que nos convida em dar um grito em
favor da vida, para que se rompa, se erradique o ciclo vicioso do
tráfico de pessoas. Finalizou suplicando as bênçãos de Deus sobre
todos.
Ir.
Paulina Pavéz Lagos, Coordenadora Regional da CRB - AM/RR,
sensibilizou o grupo por meio da dinâmica de fechar os ouvidos, os
olhos e a boca, não permitindo ouvir, ver, falar. As pessoas que são
traficadas também são caladas. Portanto, essa Rede nos chama a
direcionar as nossas ações para a defesa da vida, indo até as
fronteiras da realidade humana e nos sensibilizar com a dor e
sofrimento dos irmãos e irmãs. A família é a primeira vítima em
relação ao tráfico, porque estão excluídas das necessidades
básicas: comida, trabalho, educação, saúde, moradia, lembrou o
texto do bom samaritano, que estava a caminho, mas deixou-se
sensibilizar pela necessidade do ferido, da pessoa que estava
vulnerável e restabeleceu sua dignidade.
É
necessário unir forças e acreditar na vida e na felicidade, mas
para isso é preciso abrir nossos olhos, ouvidos e boca e gritar e
investir nesta ação. Vamos fortalecer essa rede, somar,
comprometer-se. O apelo está lançado. Sejamos livres e façamos
opção pela liberdade.
Na
mesa de debate, contamos com a contribuição do senhor Sérgio Lúcio
Mar dos Santos Fontes - Superintendente da Polícia Federal do
Amazonas, que afirmou: “A Polícia Federal se apresenta como órgão
oficial de investigação de casos de tráfico de pessoas, por se
tratar de crimes internacionais (e interestaduais). A fiscalização
nas fronteiras também faz parte da sua competência, além da
expedição de passaportes”.
Os
países possuem as suas fronteiras abertas, porém como são, na sua
grande maioria, extensas, permitem o tráfico de pessoas, armas,
drogas, produtos e outros contrabandos, a Polícia Federal tem grande
dificuldade de controlar o tráfico, principalmente humano, por ser a
terceira economia mundial ilícita. Prosseguiu a apresentação,
trazendo diversos elementos que coíbe o tráfico, ainda afirmou que
qualquer iniciativa para tirar o problema das sombras, ajudar a
refletir e auxiliar no combate contra o tráfico de seres humanos
para exploração sexual, trabalho escravo ou tráfico de órgãos é
louvável e necessário. O estado e a sociedade, infelizmente são a
parte mais fraca. O tráfico é mais forte e organizado, por se
tratar, principalmente, de uma das economias mais rentáveis, porém
extremamente ilegal.
Valiosa
a contribuição da professora Iraildes Caldas, onde afirma que o
tráfico de mulheres é uma ferramenta moderna de escravidão, de
rapto e cerceamento de liberdade, que assume formas sofisticadas com
característica empresarial de um grande negócio, tal qual
representou o tráfico negreiro para o capitalismo nas sociedades
modernas.
O
Brasil é o maior exportador de mulheres das Américas. Envolvidas
pela fala macia dos aliciadores, que lhes fazem falsas promessas de
melhoria de vida, casamento no exterior e escalada econômica rápida,
meninas e mulheres embarcam numa viagem de terror. Todos os anos,
cerca de 60 mil brasileiras são vitimas do tráfico de pessoa
(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA/2007). Ao todo, o mercado movimenta cerca de
2,5 milhões de pessoas e mais de US$ 32 bilhões (50 bilhões de
reais), afirma o UNODC – Escritório da ONU sobre Drogas e Crime.
Só perde para o comércio de drogas como crime organizado.
Ressalta
que a pesquisa é uma ferramenta que auxilia o Estado, para que dê
passos no combate ao tráfico de pessoas, pois o problema existe e
vitimiza muitas vidas.
Não
se pode deixar de reconhecer que o Brasil deu um passo à frente com
a implantação do I Plano Nacional, principalmente porque instituiu
núcleos de enfrentamento ao tráfico nos estados. São Paulo é o
Estado onde o núcleo encontra-se em situação mais avançada.
O
Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas prevê a
criação de centros de atendimento específicos para as mulheres que
retornam ao seu país. A articulação com redes de atenção no
exterior é outra intenção do Plano, já que muitas instituições
que cuidam de brasileiras traficadas não sabem para aonde
encaminhá-las quando são resgatadas, para enviá-las de volta aos
seus países. Ressaltou a importância das universidades abrirem
editais para que alunos e alunas, professores possam fazer pesquisas
nesta área, contribuindo na coleta de dados sobre o tráfico de
pessoas e publicação de materiais.
A
terceira colocação foi realizada pela Maria das Graças Soares
Prola - Secretaria da Assistência Social do Estado, que abordou a
questão do Tráfico de mulheres, crianças e adolescentes para fins
de exploração comercial.
Em
Manaus se encontra a figura do agenciador, que se colocava nas praças
e observava as mulheres e crianças para depois abordá-las e fazer a
proposta de exploração sexual. O mercador é o responsável de
fazer o transporte, normalmente burlando a lei, com trânsito nos
órgãos públicos, realizando o tráfico utilizando documentação
falsificada. O receptor tem a finalidade de acolher a pessoa
traficada no local de destino, segurar os documentos até a quitação
da dívida. O tráfico tem capilaridade em todos os estados e países,
por ser um crime organizado.
Em
Manaus, as ações do governo são: presença efetiva nas festas
culturais em toda a região por meio de panfletagem, presença nos
Centros de Referência da Assistência Social e Centro de Referência
Especializada de Assistência Social - CREAS; Centro de Referência
da Mulher; Disque Denúncia 100, 180; atividades em conjunto com o
turismo; projetos vinculados com crianças e adolescentes em horário
oposto ao escolar. Após as colocações, foram feitas diversas
perguntas, dando ênfase as ações de prevenção e repressão ao
tráfico de pessoas na região amazônica.
Irmã
Roselei Bertoldo, ICM, socializou a forma com que a Rede Um Grito
Pela Vida se articula nos diversos estados e as ações que a mesma
desenvolve em nível nacional e local, trazendo presente as
atividades desenvolvidas na Amazônia. Salientou a dificuldade em
abordar o tema nos diversos espaços, pois há um silêncio muito
grande na sociedade com relação a esta problemática.
Em
Manaus, ultimamente os meios de comunicação tem divulgado muitos
nomes de pessoas desaparecidas, isso não significa que todos eles
tem sido para o tráfico, porem é necessário que se desconfie e se
faça investigações, pois dois casos de adolescentes desaparecidas
foram aliciadas para a exploração sexual e esta sob investigação
da policia federal, isso nos alerta para estarmos atentas.
Ainda
ressaltou a necessidade de uma articulação mais ampla com as
instituições, para poder realizar um trabalho integrado de
enfrentamento, uma vez que a rede do tráfico é bem organizada.
Professora
Márcia Oliveira, socializou a pesquisa realizada sobre o Tráfico
internacional de mulheres da Amazônia para Espanha, trazendo
presente elementos com que fazem as mulheres migrarem e as formas de
aliciamento das mesmas. Ressaltou a importância da pesquisa e o
objetivo é problematizar o tema e a atuação das redes
internacionais do tráfico de mulheres do Amazonas, considerando essa
questão como um dos piores atentados contra os direitos humanos e
uma das mais perversas formas de violência contra as mulheres no
mundo atual; Estudar o tráfico e o comércio internacional de
mulheres na Amazônia e o estudo de gênero com a finalidade de
desnaturalizar e desculturalizar a temática, visando a perspectiva
da desconstrução; Oferecer elementos teóricos, a luz do estudo de
gênero, para manter um debate permanente do tema em nível
internacional; Despertar a consciência de que se trata de um
problema que envolve tanto a sociedade de origem como a sociedade de
destino do tráfico de mulheres.
A
pesquisa foi realizada com jovens amazonenses que foram traficadas
para a Espanha e hoje fazem parte do sistema rotativo dos clubes
espanhóis, trabalhando até 15 horas de trabalho diário, de forma
informal e que encontram de forma irregular no país. Trouxe e
presente - Dividas contraídas pelas vítimas - passagens; o processo
permanente de endividamento - alojamento, comida, multas cobradas por
qualquer infração ou falha.
A
necessidade de realizar um trabalho de enfrentamento ao tráfico de
pessoas, de formação e sensibilização da sociedade sobre este
problema, fazendo com que as pessoas estejam informadas e não caiam
na trama do tráfico.
O
grupo foi provocado a levantar algumas atividades ou ações
possíveis para o enfrentamento ao tráfico de pessoas na região
amazônica: Ampliar a rede de enfretamento ao tráfico de pessoas;
estar mais presentes nas escolas e auxiliar as secretarias de
educação a colocarem em prática o Plano Nacional Enfrentamento do
Tráfico de Seres Humanos; fazer uma
grande
caminhada de conscientização no início de 2013; articular uma
comissão de representatividade de todos os segmentos que abordam a
temática e conversar com os novos dirigentes municipais, bem como os
estatuais, para exigir um trabalho mais efetivo em relação ao
tráfico de pessoas; ampliar os debates e estudos de pesquisa; atuar
nos municípios, em especial onde acontecem as festas temáticas e
nas fronteiras que tem maior índice de rotas do tráfico em nossa
região; aproveitar a CF 2014 para desenvolver um processo de
formação junto as paróquias e comunidades, tendo uma maior
abrangência da população, em especial as mais vulneráveis.
David
Tuniz integrante da Rede, apresentou alguns aspectos do Seminário
Internacional, o qual participou na Italia, com o tema: O fenomeno
della tratta a scopo di sfruttamento sessuale e il suo indotto (O
fenômeno do tráfico por exploração sexual e suas implicações)
que aconteceu na Itália, no dia 08 de outubro de 2012, destacando
que a Itália é um dos maiores países do destino de pessoas para
exploração sexual e trabalho escravo, pois o custo é baixo. Os
clubes italianos que trabalham com a exploração sexual apresentam
as jovens como se fossem verdadeiras mercadorias, com elaboração de
cardápios que destacam suas características: mansa, pode bater -
mas só um pouco. Outra coisa alarmante desse comércio de violação
dos direitos humanos.
O
seminário foi concluído com o ritual de lançamento do livro
Tráfico de Mulheres na Amazônia, de Iranildes Caldas Torres e
Márcia Maria de Oliveira, o que muito vem a contribuir com a
prevenção ao trafico de pessoas na Amazônia.
Ir.
Fabiana agradeceu a todos e todas que contribuíram para a realização
deste Seminário, bem como todos os participantes. O trabalho é
grande e árduo, mas não podemos desanimar, porque muitas vítimas
estão clamando por dignidade e justiça.